Bolsonaro volta às ruas de Brasília cercado por medidas judiciais
Jair Bolsonaro não passou despercebido no sábado, 29 de julho de 2025. Mesmo com a tornozeleira eletrônica no tornozelo e sem poder se manifestar em redes sociais, o ex-presidente escolheu um dos cenários mais simbólicos da política nacional: as avenidas de Brasília. Era dia de motociata, uma das marcas de sua campanha, mas agora com direito a regras bem claras impostas pela Justiça.
O evento aconteceu depois de semanas de polêmicas sobre as restrições impostas a Bolsonaro. Desde viagens internacionais barradas até o bloqueio de suas contas nas redes sociais, o ex-presidente teve a rotina pautada por decisões do Supremo Tribunal Federal e outras instâncias. Para evitar qualquer deslize ou nova acusação, ele seguiu à risca as orientações dos advogados: subiu em um trio elétrico elétrico e não fez discursos. A mensagem era clara: participar, sim, mas sem ultrapassar as linhas vermelhas delimitadas pelos processos judiciais em curso.
Ao lado de Michele, sua esposa, e do senador Flávio Bolsonaro, seu filho, Jair Bolsonaro acenou para centenas de apoiadores que lotaram a Esplanada dos Ministérios. O clima era de entusiasmo, mas também de tensão política. Entre bandeiras pró-Donald Trump e faixas críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), o evento refletia o embate constante entre o ex-presidente, seus seguidores e o Judiciário.
Curfew, tornozeleira e recados implícitos
A motociata precisou terminar até as 16h. O motivo? O toque de recolher imposto a Bolsonaro, que exige que ele permaneça em casa das 19h às 6h durante a semana, e integralmente nos fins de semana e feriados. O respeito a esses horários foi milimetricamente planejado para evitar qualquer descumprimento que pudesse gerar novas punições. A agenda apertada não impediu que aliados usassem o espaço para criticar decisões recentes do Judiciário e defender publicamente o direito de Bolsonaro de participar da vida política.
Enquanto passava pelas avenidas, Bolsonaro não só obedecia às regras da Justiça, mas também dava sinais de que pretende manter sua influência sobre a militância conservadora — mesmo com a motociata sob vigilância e sem discursos inflamados. O ex-presidente provou sua capacidade de mobilização, mas teve que equilibrar cada gesto com o medo de novas represálias legais. O silêncio do trio elétrico, por si só, dizia muito sobre o novo cenário político: protestar, sim, mas cada vez mais sob o crivo do Judiciário.
O aceno para Donald Trump e as críticas explícitas ao STF também mostraram que, para parte dos apoiadores, não faltam motivos para contestar o rumo das decisões judiciais do Brasil. A motociata de Brasília virou mais um capítulo na longa novela de embates entre Bolsonaro e as instituições, com as ruas da capital federal testemunhando, mais uma vez, o choque entre política, Justiça e mobilização popular.