Infância Difícil e o Sonho do Futebol
Pouca gente vê um jogador entrando em campo e imagina o caminho tortuoso até ali. Mas a história de Alexsandro Ribeiro chama atenção justamente pelo contraste entre passado e presente. Nascido em Duque de Caxias, no subúrbio do Rio de Janeiro, Alexsandro cresceu numa realidade dura no Jardim Gramacho, uma das maiores áreas de lixão abertas já existentes na América Latina. Ele era o mais velho de cinco irmãos e viveu de perto a luta da mãe para colocar comida na mesa, catando materiais recicláveis no aterro. Suas roupas, muitas vezes, vinham do próprio lixão.
Muita gente teria desistido vendo tantas portas se fecharem, mas a paixão por futebol falou mais alto. Alexsandro começou na base do Flamengo, mas saiu em 2016 e encarou uma sequência de testes sem sucesso em três grandes cariocas: Botafogo, Fluminense e Vasco. Parecia que o sonho estava cada vez mais distante. Mas ele insistiu e foi no Resende, longe dos holofotes, que encontrou abrigo, abrindo caminho para saltos maiores.
Entre Portugal, França e a Seleção Brasileira
Se destacar no futebol brasileiro já é difícil, sair das divisões menores de Portugal é uma façanha para poucos. Alexsandro apostou nessa rota, passando pelo Praiense na Liga 3 e, em seguida, ganhando espaço no Chaves, clube da Segunda Liga portuguesa, em 2021. Não demorou a virar referência na defesa: 34 jogos, 3 gols e um papel fundamental no acesso do time à elite lusitana.
O desempenho chamou atenção na França. O Lille, tradicional clube da Ligue 1, não hesitou e ofereceu um contrato de quatro anos em julho de 2022. Com 1,92m de altura e técnica apurada, o zagueiro brasileiro logo caiu nas graças do torcedor francês, consolidando-se como peça-chave na defesa e vestindo a camisa 4.
Mas o ponto alto veio mesmo quando Carlo Ancelotti, novo técnico da seleção brasileira, resolveu inovar. No dia 26 de maio de 2025, Alexsandro foi convocado pela primeira vez e virou notícia: foi o primeiro atleta do Lille a receber esse chamado para defender o Brasil. Como já existia o lateral Alex Sandro na equipe, a imprensa do país tratou de diferenciar e passou a chamá-lo de Alex Ribeiro.
Sua estreia não poderia ser diferente, já que a expectativa era enorme. No empate sem gols contra o Paraguai, Alex mostrou segurança e personalidade, características forjadas da infância difícil até os confrontos das maiores ligas da Europa.
A jornada deste zagueiro vai além de talento. Sua presença forte em campo é reflexo dos anos de luta e adaptação – do lixão de Jardim Gramacho ao palco internacional. Alexsandro Ribeiro se tornou exemplo de persistência, mostrando que nem as piores adversidades seguram quem tem vontade de mudar o próprio destino.
