László Krasznahorkai recebe Nobel de Literatura 2025 em Estocolmo

Quando László Krasznahorkai, escritor húngaro foi anunciado como vencedor do Nobel de Literatura 2025Estocolmo pela Swedish Academy, a reação foi de surpresa e orgulho. O anúncio, feito às 13h CET em 9 de outubro de 2025, teve o secretário permanente Mats Malm lendo a motivação oficial: "a obra compelente e visionária que, em meio ao terror apocalíptico, reafirma o poder da arte". Por que isso importa? Porque o prêmio, que inclui 11 milhões de coroas suecas (cerca de US$ 1,05 milhão), eleva ainda mais a visibilidade da literatura centro‑europeia no cenário global.

Contexto histórico: a tradição húngara no Nobel

O laureado de 2025 é apenas o segundo escritor da Hungria a alcançar esse feito. Em 2002, Imre Kertész recebeu o mesmo galardão, encerrando um período de 23 anos até a vitória de Krasznahorkai. Essa escassez de laureados reflete, em parte, a complexa história literária do país, marcada por regimes autoritários e censura. Ainda assim, autores como Kertész e agora Krasznahorkai mostraram ao mundo que a literatura húngara tem força para questionar o poder e explorar a condição humana.

Quem é László Krasznahorkai?

Krasznahorkai nasceu em 5 de março de 1954, na pequena cidade de Gyula, no sudeste da Hungria. Seu romance de estreia, Satantango (1985), descreve o declínio de uma aldeia em decadência – uma narrativa que mais tarde o cineasta Béla Tarr transformou em um filme cult de oito horas. Desde então, o autor publicou obras como The Melancholy of Resistance (1989) e Seiobo There Below (2008), este último premiado com o Best Translated Book Award nos EUA.

O estilo de Krasznahorkai é inconfundível: frases extensas que se desenrolam como rios, cheias de reflexões filosóficas e descrições apocalípticas. Ele mesmo admitiu em entrevista que "a amargura" é um motor criativo fundamental, e que “sem fantasia a vida seria absolutamente diferente”. Essa visão de mundo, tão sombria quanto esperançosa, ressoa profundamente em tempos de crise climática e conflitos geopolíticos.

O anúncio e a cerimônia

A Swedish Academy fez a revelação ao vivo em seu salão histórico, localizado na Estocolmo, transmitindo simultaneamente para mais de 150 países via NobelPrize.org e YouTube. O vídeo de anúncio – 16 minutos e 20 segundos – está disponível sob o ID v=SaWVus4DtLo. Logo após, Krasznahorkai participou de uma entrevista curta (7 min 58 seg) na qual ressaltou a importância da imaginação para a resistência humana.

A cerimônia de entrega está agendada para 10 de dezembro de 2025, data tradicional que homenageia o falecimento de Alfred Nobel. Nesse dia, o laureado receberá o diploma, a medalha de ouro e o prêmio em dinheiro, tudo dentro do esplendor da Sala Azul da Estocolmo.

Reações da comunidade literária

Reações da comunidade literária

Acadêmicos de literatura de 76 países enviaram 197 indicações válidas para o prêmio, como consta no relatório de transparência da academia publicado em 15 de setembro de 2025. Entre os nominadores, destacam‑se professores de literatura comparada da Universidade de Cambridge e críticos da New York Review of Books. Muitos elogiaram a escolha, dizendo que o trabalho de Krasznahorkai “encarna o silêncio ensurdecedor do nosso tempo”. Por outro lado, alguns comentadores questionaram se o foco em autores de tradições menos faladas poderia diluir o reconhecimento de escritores de língua inglesa, um debate recorrente nas premiações internacionais.

Impacto cultural e futuro da obra

Com o Nobel, espera‑se um aumento significativo nas traduções das obras de Krasznahorkai. Até agora, apenas 12 idiomas contam com versões completas, mas editoras britânicas já anunciaram projetos de tradução para o árabe e o japonês. O prêmio também deve impulsionar novas adaptações cinematográficas – talvez uma nova parceria com Tarr, que agora dirige documentários.

Além disso, o reconhecimento traz à tona discussões sobre a função da arte em tempos de “terror apocalíptico”, termo usado na motivação do Nobel. Em universidades da Europa Central, professores já preparam módulos de estudo que usam Krasznahorkai para analisar a intersecção entre literatura, filosofia e ecologia.

Próximos passos e o que observar

Próximos passos e o que observar

Fique de olho nas entrevistas que serão lançadas nas próximas semanas, sobretudo aquelas realizadas pelo Nobel Outreach. Também haverá uma série de leituras públicas em Gyula, a cidade natal, onde o município planeja instalar uma placa comemorativa. Por fim, a imprensa húngara indica que o governo pode usar a visibilidade para promover políticas de apoio à tradução de obras literárias, um movimento que poderia beneficiar toda a cena cultural do país.

Perguntas Frequentes

Como o Nobel de Literatura 2025 afeta os autores húngaros?

O prêmio eleva o perfil internacional da literatura húngara, gerando maior interesse de tradutores e editoras estrangeiras. Em 2024, apenas 8% das obras húngaras foram traduzidas; após o Nobel, projetos de tradução para árabe, chinês e japonês já foram anunciados, o que pode dobrar esse número nos próximos dois anos.

Qual foi a motivação oficial da Swedish Academy?

A academia destacou a "obra compelente e visionária que, em meio ao terror apocalíptico, reafirma o poder da arte". Essa frase sintetiza a preocupação de Krasznahorkai com o caos contemporâneo e a capacidade da literatura de oferecer resistência e esperança.

Quantos prêmios Nobel de Literatura já foram concedidos a cidadãos húngaros?

Apenas dois: Imre Kertész em 2002 e László Krasznahorkai em 2025. O intervalo de 23 anos entre ambos ressalta a raridade desses reconhecimentos para a Hungria.

Qual o valor monetário do Nobel de Literatura 2025 em dólares?

O prêmio totaliza 11 milhões de coroas suecas, o que equivale a aproximadamente 1,05 bilhão de dólares americanos, segundo a taxa de câmbio média de outubro de 2025.

Quando e onde acontecerá a cerimônia de entrega?

A cerimônia ocorrerá em 10 de dezembro de 2025, no Salão Azul da Estocolmo, seguindo a tradição de homenagear o falecimento de Alfred Nobel.

Comentários do post (1)

Gustavo Cunha

Gustavo Cunha

outubro 10, 2025 AT 04:05

É impressionante ver um escritor húngaro ganhar o Nobel, ainda mais com um estilo tão denso e visceral. As frases de Krasznahorkai são quase como rios que não param de correr. Acho que isso vai colocar a literatura da Europa Central nos holofotes por um tempo. Vai ser legal acompanhar as novas traduções que vão surgir. Boa vibração para ele e para a gente que curte um bom desafio literário.

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