CNJ afasta Bretas por conduta excessiva e busca de protagonismo
O julgamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 3 de junho de 2025 virou o jogo para Marcelo Bretas, o nome mais conhecido da operação Lava Jato no Rio de Janeiro. O plenário decidiu pela aposentadoria compulsória do ex-juiz federal, argumentando que ele extrapolou sua função com condutas incompatíveis ao cargo de magistrado. Segundo o relator do processo, José Rotondano, Bretas deixou de lado a imparcialidade obrigatória e assumiu uma postura de acusador, algo que gerou críticas até de outros colegas do Judiciário.
Bretas gozava de fama nacional, principalmente por sua atuação midiática e decisões rápidas nas investigações da Lava Jato no Rio. Mas o CNJ destacou em seu voto que ele se tornou símbolo do que não é aceitável no sistema judiciário: magistrado em busca de visibilidade, utilizando processos e decisões para ampliar o próprio protagonismo, em vez de trabalhar pela neutralidade. Em palavras claras do relator, 'desvelou-se um magistrado que assumiu postura acusatória, impelido pelo desejo de protagonismo no sistema de justiça'.

PADs, pressão política e futuro incerto
A decisão do CNJ não partiu do nada. Três Processos Administrativos Disciplinares (PADs) apontaram irregularidades cometidas por Bretas — entre eles, reclamações partindo diretamente do prefeito do Rio, Eduardo Paes, e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Paes questionou condutas do juiz em casos com forte impacto político, enquanto a OAB foi atrás de defesas institucionais para garantir limites na atuação de magistrados. O subprocurador-geral José Adonis ainda destacou que Bretas falhou em agir contra advogados já conhecidos por prometerem soluções milagrosas a investigados.
Mesmo com a punição máxima, Bretas não fica sem nada: ele garantiu a aposentadoria proporcional ao tempo de serviço — um benefício comum em decisões desse nível. Ainda assim, nas ruas e nas redes, o clima é de opiniões divididas sobre o destino de Bretas após esse afastamento forçado. Tem gente apostando numa candidatura política, talvez até usando a própria fama da Lava Jato como bandeira, enquanto outros expressam cansaço com a política carioca e criticam a falta de opções renovadoras.
O afastamento de Bretas marca novo capítulo na discussão sobre os limites de atuação e exposição dos juízes no Brasil. Sua trajetória meteórica na Lava Jato, antes vista como símbolo de combate à corrupção, agora vira case de advertência para magistrados que se deixam seduzir pelas luzes dos holofotes.
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